AROLDO PINHEIRO
( BRASIL - RORAIMA )
José Aroldo Pinheiro.
Poeta e escritor.
Possui graduação pela Universidade Federal de Roraima(2009). Atualmente é Colunista da Editora Zenite - Roraima Hoje. Tem experiência na área de Comunicação.
Informações coletadas do Lattes em 03/04/2024
PINHEIRO, Aroldo, organizador. Retalhos II . Boa Vista, Roraima: Maxter, 2008. 175 p. ilustrado. No. 10 837
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
Luta inglória
Os portugueses os enganaram
Com miçangas e espelhos
Colonos os subjugaram
A sofrimentos e relho
E a Igreja como engodo
Usa o Santo Evangelho
Considerados seres sem alma
Os pobre-coitados gentios
Receberam com humildade
Os invasores do Brasil
Provaram e gostaram muito
Da carne dos varonis
Usando a Cruz Sagrada
As índias, os padres “cearam”;
E os índios escravizados,
Em sacristães transformaram
Roubaram-lhes além da mente,
Orgulho e dignidade.
E assim, os pregadores,
Dizendo preservar culturas,
Trocaram Tupã por Cristo,
Substituem pajés por curas;
Fazem a cabeça dos índios
Em trabalhada costura.
Roubados e dizimados,
Enganados e escravizados,
Eram mais de três milhões:
Tupis, Tamoios, Tapuias...
O branco tomou-lhes o chão
Deixou-os sem mais mala nem cuia.
Araribóia, com invasores,
Lutou contra invasores;
Recebeu terras que eram suas
Em troca de seus favores.
Humilhado, o grande guerreiro,
Sofreu muitos dissabores.
Os gringos, assim, de mansinho,
Acobertados por missões,
Expropriaram os pobres índios;
em troca de reles quinhões
Absorvem conhecimentos
E faturam seus zilhões
Não é uma coincidência?
É sabido que sob as reservas
De minérios há incidência:
Metais nobres, petróleo,
Urânio e cassiterita,
Bauxita , ouro e nióbio...
Incentivados pelo Governo
Pioneiros chegaram às terras
Começaram a produzir
Em lavrados e pés-de-serra
E agora, nos anos 2000,
Surge processo que emperra
Escrituras seculares
Registradas e reconhecidas
Com essa demarcação
Foram todas esquecidas
Sob pressão de Ongs e Igreja
A confusão tá em cima
Há muito, houve um tempo
De muita paz e amor
O branco ajudava o índio
O índio ajudava o senhor
E as coisas se arrastavam
Sem ódio se sem rancor
Chegaram cá, nestas plagas,
Missionários italianos
Com ideias revolucionárias
Com maquiavélicos planos
Tendo por cabeça um tal de Jorge
E um controverso Mongiano
As muitas organizações,
Dirigidas por estrangeiros,
Contaram com o beneplácito
Do governo brasileiro
E assim, começou a guerra
Entre este povo ordeiro
Com um puxa-encolhe da Justiça
A luta chegou depois
Sob as bênçãos do Vaticano
A bagunça se impôs
Brigam padres e alguns índios
Com produtores de arroz.
Lá pros lados de Brasília,
Com processos no Supremo,
A igreja arranjou aliado:
O ministro Tarso Genro;
Do lado arrozeiros,
Ayres comanda o remo
Quanto tempo sofreremos
Com esta indecisão?
Lutam brancos com índios
Que outrora foram irmãos
Sobrou até pr´um prefeito
Temporada em prisão.
A Igreja incentiva os índios
Buscando fazer um mártir
Bordunas, flechas, tacapes...
Enfrentam os bacamartes.
Essa luta desigual
Não será pura arte?
E, com planos eleitoreiros,
Em cuidadoso traçado,
O líder dos arrozeiros
Se fez preso, algemado.
Almejando ocupar, um dia,
O governo do Estado
Seja qual for o veredito
Aos processos interpostos
Essa briga ´inda vai longe
Contra interesses e gostos
Receio que de ambos os lados
Vejamos sangue e mortos.
*
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Página publicada em julho de 2025.
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